O risco do arrombamento de casas aumenta nesta época do ano, quando muita gente sai em viagem de férias. Mas há algumas ações que reduzem esse perigo.
Encontrar a casa arrombada depois de uma viagem é certamente um dos piores desfechos para as tão esperadas férias. Mas algumas medidas simples, que não representam gastos extras, podem ser eficazes na prevenção de arrombamentos e furtos durante as viagens. Afinal, os dados da polícia mostram que o fim de ano é a época preferida pelos ladrões para roubar residências. Segundo dados do geoprocessamento da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2008 foram registrados 15.916 casos de crimes contra o patrimônio na capital, média superior às dos demais meses do ano. A média é de 173 ocorrências por dia.
Como as recomendações da polícia não mudam muito, é preciso ter em mente dois aspectos. O primeiro é passar a impressão de que há alguém em casa - é aí que entram os conselhos básicos, como pedir para alguém recolher a correspondência ou abrir as janelas de vez em quando. O segundo é passar a ideia de que o dono se preocupa com a segurança. Para isso, explica o coronel da Polícia Militar Roberson Luís Bondaruk, autor do livro "Arquitetura contra o Crime", é fundamental fugir da imagem de desleixo e desatenção. "Os ladrões sempre dãu uma sondada, até para garantir a segurança deles", explica. "Capim crescendo e lixo não recolhido mostram que a pessoa é mais relaxada. O ladrão pode concluir que a casa tem estruturas deficitárias e que o dono pode ter esquecido a janela aberta por exemplo".
Padrão de conduta
Durante a elaboração das pesquisas para o livro, Bondaruk contou com o apoio de um grupo de psicólogas e assistentes sociais que entrevistaram 287 presos no Paraná. Alguns dados chamam a atenção: 30% deles dissem preferir cometer furtos simples (bater uma carteira, por exemplo), 20% optaram pelo furto qualificado (quando precisam cometer um ato que qualifique o furto, como por exemplo arrombar uma casa) e 40% pelo roubo (quando há presença da vítima). Para 34%, a melhor maneira de invadir uma casa é o arrombamento, e para 35%, o uso de chaves falsas. A maioria dos ladrões prefere agir em locais com pouco trânsito de pessoas e de pouca claridade. E 71% deles disseram preferir invadir casas cercadas por muros ao invés de grades.
A partir de dados como esses e de outros que indicam um padrão de conduta dos ladrões, Bondaruk elaborou um série de dicas para manter a casa segura em qualquer época do ano. Entre elas estão instalar grades em vez de muros, que obstruem a visão de quem está fora e podem fazer o ladrão se sentir mais "seguro" para invadir o local (o mesmo vale para os portões); não manter lixeiras perto do muro ou da grade, nem outros equipamentos que facilitem escaladas; e não fazer muros em forma de rampa, nem sacadas junto à lateral da casa. "Só os ladrões inexperientes se jogam de cabeça. Esses, muitas vezes, ficam presos em janelas, grades e chaminés", diz Bondaruk. "Os mais experientes verificam a estrutura da casa, são estudiosos da prática, verificam quando o morador é menos inteligente. Por exemplo, muita gente coloca um muro de 2,5 metros na frente da casa, mas na lateral o muro é baixo. Isso revela pouca malícia, indica que deve haver outros aspectos que facilitam a ação do ladrão." O coronel dá um conselho simples: quando viajar, o morador deve pedir para alguém recolher materiais de propaganda que são colocados na grade. "Alguns criminosos colocam essas propagandas e no dia seguinte passam para ver se ainda estão lá." Outra recomendação é ter cães.
Sobrados exigem atenção redobrada
Esse tipo de construção é um dos preferidos dos ladrões. "O principal problema do sobrado é a sacada. Muitas vezes ela é geminada com outro sobrado, ou encosta no muro do vizinho. E a pessoa coloca grades na porta e nas janelas inferiores e deixa o pavimento superior desguarnecido", comenta o coronel Bondaruk.
Segundo ele, alguns proprietários de sobrados, têm aumentado as paredes, bloqueando a ligação com o muro. "Outros colocam grades, mas até a tela para impedir a queda de crianças ajuda. O ladrão teria que cortá-la e esse trabalho pode fazer com que ele desista".
O delegado Luiz Carlos de Oliveira, da Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba, aposta no bom relacionamento com os vizinhos para evitar roubos no período de viagens. "Às vezes um viaja e o da frente fica. É importante que o vizinho fique atento e veja movimentações estranhas." Em apartamentos, os moradores devem ficar atentos a fitas e outros materiais que obstruem o olho mágico. "Se isso acontece, pode ter sido colocado por um ladrão. A pessoa deve retirar e comunicar a polícia".
MELHOR PREVENIR
No fim do ano, crescem os registros de arrombamentos de casas. Veja as dicas da polícia para torná-las mais seguras:
> Dispositivos como câmeras de vigilância e alarme aumentam a segurança e inibem a ação dos ladrões.
Se tiver câmeras de vigiância, mantenha um local em segredo para armazenar as imagens. Alguns ladrões costumam levar computadores, impedindo sua identificação pela polícia.
> Se sua casa tiver jardim.
Contrate alguém para limpá-lo antes da viagem, para evitar o aspecto de abandono.
> Se a campainha tiver um som muito algo, desligue-a.
O ladrão pode tocar várias vezer para saber se há alguém em casa.
> Peça para alguém recolher jornais, revistas e correspondências.
Para que elas não fiquem à mostra e não indiquem que não há ninguém em casa.
> Em ausências prolongadas, peça para algum amigo ou parente visitar a casa.
Isto para demonstrar a presença de pessoas. Essa pessoa pode abrir janelas, ligar as luzes ou regar as plantas.
> Reforçe as portas de entrada com trincos e trancas internos.
> Não colocar cadeados do lado externo.
Para não demonstrar aos ladrões que não há ninguém em casa.
> Algumas pessoas costumam deixar as luzes acesas, mas a polícia recomenda que elas fiquem apagadas.
Para não chamar a atenção durante o dia. O mesmo vale para rádio, televisão e música altas.
> A principal recomendação da polícia é para manter um bom relacionamento com os vizinhos.
Eles podem ficar alertas e perceber qualquer movimentação estranha.
fonte: Jornal "Gazeta do Povo", Curitiba - 26/12/09
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