O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulga hoje um manual para médicos, passageiros, agências e companhias de aviação sobre as contraindicações das viagens aéreas. "A combinação entre voos e algumas doenças muitas vezes é perigosa. É preciso que todos estejam atentos para evitar problemas", afirmou o coordenador da Câmara Técnica de Medicina Aeroespacial do CFM, Frederico de Melo. Em 2008, foram registrados 80 casos de morte súbita em voos no Brasil.
Melo observa que uma série de fatores contribuem para o aumento do risco: alteração da rotina do uso de remédios, imobilidde e tempo de voo. "Além disso, há um aumento do número de casos de pessoas que viajam para receber tratamento médico. O retorno tem de ser acompanhado de muito cuidado", disse.
O coordenador reconhece que nem todos os médicos estão familiarizados com os riscos que o voo pode trazer aos pacientes. "É preciso que profissionais tenham uma postura mais ativa. Que, por exemplo, no pós-operatório, toquem no assunto de viagem, esclareçam sobre riscos existentes."
Na lista de quem não deve viajar estão pessoas com infecções pulmonares contagiosas, como tuberculose ou pneumonia. "Além de o voo poder agravar os sintomas, há o risco de disseminação da doença para outros passageiros." Pessoas com quadros graves ou que acabaram de ser hospitalizadas por causa de asma brônquica, por exemplo, também não devem embarcar.
Entre doenças cardiológicas, não devem voar, por exemplo, aqueles com insuficiência cardíaca grave. Em outros casos, basta aguardar um período por segurança. Quem sofreu enfarte deve esperar ao menos seis semanas antes de embarcar. Mesmo com fraturas, é preciso um cuidado maior. "O manual não tem a pretensão de substituir o médico. A ideia é apenas chamar a atenção para o problema", observa Melo.
Entre recomendações gerais feitas pelo CFM estão não esquecer de levar medicação prescrita pelo médico em quantidade suficiente para ser usada durante a viagem e deixá-los sempre por perto. Em caso de mudança de fuso horário, o ideal é que o médico seja consultado para verificar se há necessidade de alteração na prescrição do remédio. A íntegra do manual esta disponível na página do CFM na internet (http://portal.cfm.org.br/images/stories/documentos/cartilha%20aeroespacial.pdf).
fonte: Jornal "O Estado do Paraná", 26/11/2010