Com a queda nos juros, as condições para discutir débitos antigos são boas - e a economia pode chegar a até 20% sobre o valor contratado.
A queda recente nos juros abriu uma oportunidade para pessoas que estão "penduradas" em dívidas antigas. É a chance de renegociar débitos - com a vantagem de que as taxas atuais são, provavelmente, bem mais baixas do que as dos contratos originais. A renegociação pode resultar em ampliação do prazo de financiamento, redução dos juros ou nas duas vantagens ao mesmo tempo.
Segundo o consultor financeiro Marcos Crivelaro, autor do livro "Como sair do vermelho e se tornar um investidor de sucesso" (editora Porto de Idéias), uma renegociação pode resultar numa economia entre 10% e 20% em relação ao valor contratado com os juros mais altos.
Ele diz, no entanto, que a falta de conhecimento dos consumidores pode mascarar oportunidades para a renegociação de dívidas. "Em geral, as pessoas acreditam que estão amarradas a um financiamento e que não têm um caminho alternativo", aponta.
"Mas é preciso levar em consideração diversas variáveis, como o patamar das taxas em que o financiamento foi feito e o tempo de contrato. Todos esses fatores são difíceis de serem calculados pelo próprio credor e é quase impossível que o consumidor consiga essas informações diretamente com o credor", ressalta.
O economista José Pio Martins, professor da Universidade Positivo, faz uma ressalva: nas dívidas de curto prazo, de até 90 dias, dificilmente o devedor conseguirá algum benefício. Geralmente os bancos utilizarão o argumento de que no momento daquela captação o custo do dinheiro também foi maior. Já nos casos em que as taxas de juros são tradicionalmente altíssimas, como no cheque especial e cartão de crédito, o economista aconselha a "troca das dívidas".
"Nestes casos, é possível fazer um empréstimo com outro banco e quitar a dívida pagando juros menores", aconselha.
A dica é que o consumidor tente renegociar a dívida com algum concorrente - outro banco ou outro agente financeiro. Para isso, o melhor caminho é levar o contrato e ver quais as melhores condições oferecidas. "É importante que a pessoa pesquise com calma, e não se deixe levar pelo desespero. Também é preciso que as comparações sejam feitas em bases iguais, caso contrário, uma oportunidade aparentemente boa pode custar mais caro do que o financiamento inicial. E nunca é demais avisar para que o consumidor desconfie de ofertas 'milagrosas', com taxas muito abaixo das praticadas no mercado", alerta Crivelaro.
A princípio, a renegociação pode ser feita em diversas modalidades dos financiamentos mais comuns, como empréstimos ou compra de bens e serviços por consumidores inadimplentes, ou em dia com suas mensalidades. Mas é preciso ver se contratualmente não há nenhuma restrição, com a incidência de multas.
SEM PAPAGAIOS
Algumas sugestões de economistas para se livrar das dívidas:
1 - Comece pelas dívidas mais antigas
A chance de obter um bom desconto é maior se as dívidas estão vencidas há mais tempo. Em dívidas de curto prazo é difícil conseguir uma boa negociação.
2 - Procure um concorrente
Busque um outro agente financeiro (banco, por exemplo). Para conquistar um novo cliente, ele provavelmente vai oferecer taxas de juros melhores. Mas pesquise com calma e não feche negócio sem ter certeza de que ele será vantajoso.
3 - Não gaste mais
A redução das taxas pode dar a impressão de que o consumidor teve um aumento em seu poder de compra. Mas não se iluda: os juros brasileiros continuam entre os mais caros do mundo. Para evitar o endividamento excessivo, o melhor é ter cautela e evitar compras por impulso.
Para garantir uma tranquilidade financeira, o consumidor só deve contrair novas dívidas quando as principais já tiverem sido quitadas.
Para quem já está com problemas, outra possibilidade é a quitação antecipada do débito, exigindo que as taxas de juros embutidas na parcela sejam descontadas.
fonte: Jornal "Gazeta do Povo", Curitiba - 23/06/09
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