Empresas conferem informações sobre candidatos a empregos na internet. Por isso, é bom tomar cuidado com o que cai na rede.
Se você pretende se candidatar a uma vaga de emprego, faça um exercício simples: vá ao site de buscas Google e digite seu nome - de preferência entre aspas. Você talvez se surpreenda com a quantidade de informação a seu respeito que circula na internet. Está tudo lá, a começar pela inscrição e aprovação em processos seletivos, todos os links para seus perfis em redes sociais e os endereços de eventuais blogs e fotologs que você tenha criado. E muito mais: o comentário infeliz que você fez num portal, as fotos comprometedoras de uma festa, as declarações machistas, racistas, sexistas que você eventualmente tenha feito, mesmo que por brincadeira. Se você ainda não fez esse exercício, pode ter certeza de que o seu futuro empregador fará.
A prática de "googar" o nome dos candidatos e checar informações sobre eles na internet é cada vez mais comum entre as empresas, conta a consultora de Recrutamento e Seleção da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Carolina Guedes. "É mais uma ferramenta de informação, mais uma forma de saber com que tipo de cultura o candidato se identifica, o meio em que ele está envolvido", avisa Carolina.
Um caso clássico são as comunidades do Orkut. Aderir a elas pode até ser divertido, mas talvez seu futuro chefe não queria vê-lo na "Trabalho de ressaca" ou "Meu chefe é um saco". Da mesma forma, é preciso pensar duas vezes antes de espalhar pelo serviço de microblog Twitter o quão preguiçoso, enrolado, bêbado ou mal humorado você costuma ser no escritório. "Isso tudo pode virar contra você. O profissional tem que verificar essas coisas na internet para não deixar vestígios que denigram a sua imagem", recomenda a consultora e sócia da Chess Human Resources, Michele Carvalho Gelinski.
IMAGENS
Outro ponto sensível são as imagens postadas em blogs, fotologs e álbuns de redes sociais. "Uma profissional pode ser muito séria no trabalho, e no álbum dela vai ter fotos numa postura mais 'sexy'. Isso vai passar uma imagem que muitas vezes não é a ideal", diz Michele. E engana-se quem pensa que basta proteger seu perfil, tornando-o acessível "só para os amigos", para que sua privacidade esteja sã e salva.
"O Orkut contém falhas de segurança. Existem vários códigos disponíveis na internet para que pessoas que queiram ver álbuns bloqueados colem na barra de endereço dos seus browsers (navegadores) e vejam as fotos. Outra coisa que funciona é um amigo passar para um desconhecido o link direto de uma fotografia. Até mesmo uma pessoa que não tenha conta no Orkut consegue acessar uma imagem", alerta o analista de sistemas João Cláudio Mussi de Albuquerque.
Ele explica ainda que a pessoa pode até tentar "limpar" o seu histórico, mas o esforço terá sido em vão se alguma outra pessoa tiver apenas executado um "screenshot" da tela do computador (basta usar o botão Print Screen do teclado e colar a imagem da tela num editor de imagens ou de texto).
USE A WEB EM SEU FAVOR
Se por um lado a internet é capaz de destruir reputações, por outro ela pode ser usada para construir uma imagem positiva das pessoas. Na rede, é possível fazer com que as pessoas vejam você exatamente como você quer. O segredo está em saber aproveitar as oportunidades.
Carolina Guedes, consultora da Ricardo Xavier Recursos Humanos, e Michele Gelinski, da Chess Human Resources, contam que redes sociais como o Linked In e o Via6 são bastante usadas tanto por profissionais interessados em buscar vagas como por empresas, para encontrar estes profissionais.
"O Linked In é uma ferramenta de divulgação muito boa, para fazer o famoso networking. Você tem contato com pessoas da sua área, de empresas concorrentes e de diversos segmentos, e isso denota também que a pessoa está antenada. Já passa uma boa impressão", diz Carolina.
A ideia, então, é fazer da rede social uma ferramenta para o candidato divulgar seu currículo, suas habilidades e áreas de interesse. Da mesma maneira, criar um blog com assuntos relacionados à sua área de atuação pode mostrar interesse e conhecimento que podem ser diferenciais bastante positivos em uma seleção.
Nesse momento, alerta Carolina, da Ricardo Xavier, é importante prestar atenção não só ao conteúdo, mas também à forma. "As pessoas também precisam ter uma linguagem impecável. Os erros de português acabam com a imagem do candidato, assim como no currículo".
PROTEJA-SE
Veja algumas dicas para cuidar da sua imagem na rede:
> Procure não relacionar seu perfil pessoal à sua imagem profissional. Use apelidos e e-mails diferentes dos usados no ambiente profissional. Torne-se "invisível" para os desconhecidos.
> Nunca coloque na web algo que não deva ser levado à público, seja em forma de texto, foto ou vídeo - por mais confiável que um site pareça.
> Tente deletar o quanto antes qualquer informação sua que possa prejudicá-lo num processo seletivo.
> Monitore os perfis, álguns, blogs e fotologs de amigos. Talvez eles não tomem o mesmo cuidado que você, e acabem publicadno material com o seu nome.
> Nunca fale mal dos outros na internet, principalmente de seus colegas, superiores e da sua empresa.
> Cuidado com o português. Assim como no currículo, a qualidade daquilo que você escreve pode causar boas ou péssimas impressões.
> Aproveite as ferramentas para construir uma imagem positiva a seu respeito. Montar um perfil bem estruturado, criar um blog com informações da sua área de atuação e participar de comunidades e redes sociais especializadas podem ajudar na hora de conseguir uma vaga.
fonte: Jornal "Gazeta do Povo", 22/07/09
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