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DATA

sábado, 6 de dezembro de 2008

Atraso no desenvolvimento da fala denuncia problemas

Autismo, deficiência auditiva e questões emocionais podem retardar desenvolvimento da linguagem
Muitos pais esperam ansiosos até ouvir as primeiras palavras do bebê. Embora não seja uma regra, a maioria das crianças começa a falar por volta de um ano de idade. Se isso não acontece, é preciso ficar atento: pode ser que a criança tenha algum problema que está atrasando o desenvolvimento da fala.

A demora na aquisição da linguagem pode ter diferentes causas. Problemas auditivos, autismo e até mesmo excesso de mimo podem fazer com que a criança demore mais a falar. Em todos os casos, uma avaliação feita por um especialista poderá indicar a melhor conduta de tratamento.

De acordo com a neuropediatra Maria Júlia Bugallo, do Hospital Pequeno Príncipe, os bebês têm no choro a primeira forma de comunicação. "É chorando que eles tentam informar que estão com fome ou que estão com dor. Com alguns meses eles já aprendem a balbuciar e aos 10 meses de vida começam a falar as primeiras sílabas", explica. Ansiosos, muitos pais têm dúvidas sobre o desenvolvimento dos filhos e se questionam se os pimpolhos estão aprendendo a falar na hora certa.

Embora existam padrões de desenvolvimento, os especialistas esclarecem que características pessoais somadas a estímulos externos podem determinar a evolução da capacidade de se comunicar. Por isso, nada de falar errado ao se dirigir aos pequenos. "É muito importante que desde o início a mãe converse com o bebê, conte a ele o que está fazendo e diga o que acha que o bebê quer dizer. Ao ouvir o adulto, além de se sentir amada, a criança armazena toda a variedade de sons da língua, aprende vocabulário e é estimulada a utilizar seus órgãos da fala", explica a fonoaudióloga Beatrice DoffSotta.

Os atrasos na fala podem ter origem funcional ou orgânica. No primeiro caso não há nenhum problema físico, e a demora se deve apenas à imaturidade da criança. Quando o problema é orgânico, a causa está em alguma alteração fisiológica ou psicológica. É o caso do autismo, da dislexia ou de deficiência auditiva.

Até os 4 anos de idade ainda é aceitável que a criança cometa pequenos equívocos e faça algumas trocas fonéticas. "Até uma pequena gagueira ainda é comum nessa idade, porque a criança ainda pensa com maior velocidade do que é capaz de falar", explica Maria Julia. No entanto, se a situação persistir além dessa idade, é recomendável que se faça uma avaliação.

De acordo com o neuropediatra e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Alfredo Lohr Jr, os pais devem ficar atentos se a criança responde ao ser chamada. "Com 5 meses a criança já é capaz de virar a cabeça quando a chamam. Com 10 meses ela já reconhece o som do próprio nome. Se quando chamada ela não apresenta nenhuma resposta, pode ser que haja alguma perda auditiva e isso com certeza terá impacto no desenvolvimento da fala", alerta. Bebês pre-maturos e de baixo peso são mais sujeitos a apresentar problemas auditivos.

Segundo o médico, é importante avaliar a evolução da criança de forma geral. "É preciso verificar se o atraso corresponde somente à linguagem ou também a outras áreas, como a motricidade ou os relacionamentos pessoais. Os pais têm de ver como essa criança interage com o meio e com as outras pessoas. Isso tudo auxilia para um diagnóstico preciso", diz.

ACOMPANHAMENTO

Observação e atitudes corretas podem ajudar seu filho a desenvolver corretamente a fala

Como estimular o desenvolvimento da fala

> Não fale errado com a criança.
> Se você não entendeu o que ela disse, avise. Se entendeu, mas a criança falou errado, repita da forma correta para que ela possa ouvir.
> Se seu filho só aponta quando quer algo, pergunte com a palavra correta se é aquilo mesmo; só assim ele aprenderá qual o nome do que deseja.

Sinais de que há atraso

> Utilizar somente gestos para comunicar-se.
> Ter 2 anos ou mais e não falar.
> Ter 2 anos e não compreender os pais e as pessoas mais próximas.
> Ter entre 3 e 4 anos e não ser compreendido por pessoas de fora de seu convívio.
> Ter mais de quatro anos e meio e não conseguir produzir todos os sons do português.

EVOLUÇÃO

O desenvolvimento da linguagem varia de uma criança para a outra em até 6 meses, mas em geral se dá da seguinte forma.
- 0 a 6 meses: iniciam-se os balbucios, que podem ser considerados um treinamento para a fala.
- 6 a 9 meses: os balbucios continuam, agora com ritmo, entonação.
- 9 a 12 meses: a criança compreende palavras simples como "papai", "mamãe", "nenê" e respeita a presença do outro no diálogo. É capaz de produzir diversas sílabas e palavras simples.
- 12 a 18 meses: o vocabulário aumenta. É comum a criança utilizar uma palavra para designar toda uma classe como, por exemplo, usar a palavra "cachorro" para todos os animais.
- 18 a 24 meses: inicia-se a construção de frases simples com duas ou mais palavras.
- A partir dos 2 anos: a criança é capaz de montar frases e expressar suas vontades.
- A partir dos 4 anos: é possível manter um diálogo sem dificuldades. A riqueza no vocabulário e a utilização de frases mais complexas continuam se especializando.
fonte: Jornal "Gazeta do Povo", Curitiba - 24/11/08

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