A regra vale inclusive para aquelas que ainda vão vencer. Prioridade deve ser para as operações que têm juros mais altos como o cheque especial.
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Fim de ano chegando, festas se aproximando e o décimo terceiro salário prestes a cair na conta. A tentação de usar o dinheiro extra para comprar presentes, curtir as festas e as férias é grande. Mas, antes de sair por aí gastando demais, o ideal é sacar a calculadora e o lápis para levantar a situação financeira familiar e definir prioridades. Aqui vale a regra número um quando o assunto é finanças pessoais: planejar.
Para colocar em prática o lema "ano novo, vida nova", eliminar as pendências é o primeiro passo antes de dar boas vindas a 2009. Os especialistas aconselham fazer um levantamento das dívidas "mais caras" e liquidá-las uma a uma. "Todas as dívidas que têm taxas de juros muito altas merecem ganhar parte do décimo terceiro para serem quitadas. Nesta classe entram o cheque especial, o cartão de crédito e eventuais dívidas com financeiras", diz Marcelo Curado, professor do departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Além de pensar nas contas que já venceram e estão acumulando juros, deve-se considerar pagar as que estão por vencer. "O fim de ano é um momento para pensar no futuro. O que implica considerar não só as contas que deixaram de ser pagas, mas também as que vencerão nos próximos meses", alerta o consultor financeiro Conrado Navarro, do site "Dinherama".
Assim, para quem tem financiamentos de imóveis ou automóveis, prestes a serem quitados e com taxas de juros mais salgadas (em torno de 3%), recomenda-se usar o décimo terceiro para não deixar a dívida invadir o ano que vem. "Especialmente em momentos de instabilidade como o que estamos vivendo, é importante aprender a usar o juro ao nosso favor. Ou seja, eliminar as dívidas e voltar a poupar", comenta Navarro.
Na hora de quitar contas a vencer e com juros menores, o consultor financeiro Raphael Cordeiro alerta para a necessidade de permanecer com dinheiro em caixa. "Não adianta pagar todas as dívidas e ficar zerado. O ideal é se 'livrar' dos juros que chegam a 10% ao mês. Os financiamentos de carros, por exemplo, com juros entre 1% ou 2% ao mês, podem ser pagos mensalmente, para ficar com uma reserva para uma eventualidade. O ideal é equilibrar."
Fundador do Instituto de Educação Financeira, o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Jurandir Sell Macedo Junior recomenda ainda deixar uma "gordura" para os primeiros meses do ano, que são famosos por acumular um sem número de gastos com impostos e educação. "Sabemos que janeiro é um mês complicado, com muitos gastos. Para entrar em paz no ano novo, recomendo guardar um pouco de dinheiro do décimo terceiro."
Para economizar o salário adicional, o professor da UFSC recomenda que se racionalize os gastos do Natal, promovendo a educação familiar do consumo. Ele explica que um Natal com gasto elevado não é sinônimo de uma festa repleta. "Antes de comprar os presentes, pense na utilidade que ele terá para quem irá o receber. Às vezes é mais agradável presentear com algo feito por você, como um alimento ou um artesanato. Além de original, é econômico."
Sobrou dinheiro. Onde é melhor investir?
Para quem não está com o valor do benefício todo comprometido com dívidas ou outras despesas, o conselho dos especialistas é aproveitar as elevadas taxas de juros do mercado brasileiro e encontrar investimentos apropriados para seu perfil e definir uma meta. Para tanto, deve-se partir da seguinte pergunta: o que quero fazer com o dinheiro que estou poupando?
Se a resposta for trocar de carro em um prazo de 12 meses, por exemplo, o melhor, na opinião dos analistas, é partir para investimentos conservadores, como poupança, fundo de renda fixa ou Certificado de Depósito Bancário (CDB) com taxa pós-fixada. O CDB pós, observa o consultor Conrado Navarro, é hoje um investimento acessível e que pode ser sacado a qualquer momento, sem perda de rendimento.
Outro investimento para pequenos investidores apontado por todos os analistas é o Tesouro Direto - sistema de negociação de títulos públicos por meio da internet. "É uma opção interessante para quem tem renda mais modesta. Tanto a LTN, que é um título prefixado, como a LTF, que é pós-fixada, oferecem bons retornos no momento", afirma Jurandir Sell Macedo. Ao aplicar nos papéis, o investidor aproveita os juros altos pagos pelo governo e ainda se livra da taxa de administração cobrada nos fundos dos bancos.
Para investidores mais experientes, Marcelo Curado recomenda a diversificação. "Procure investir parte dos seus recursos do décimo terceiro em investimentos de baixo risco e outra parte em investimento de renda variável." E renda variável significa ações ou fundos de ações.
Já quem tem dinheiro e está disposto a investir no longo prazo e com risco maior, o professor avalia que é um bom momento para comprar ações que, por estarem depreciadas, têm um potencial de ganho elevado. "O investidor precisa ter claro que quem investe em ações precisa saber o quanto está disposto a perder", pondera Curado.
PRIORIDADES
Para usar bem o décimo tercdeiro, o melhor é se planejar. Veja as prioridades recomendadas pelos economistas;
1 - Antes de qualquer coisa, livre-se das dívidas com cartão de crédito, cheque especial e empréstimos pessoais. De preferência reduza os limites para não cair em tentação novamente.
2 - Reserve dinheiro para as despesas de janeiro, como os impostos e matrículas escolares.
3 - Reavalie suas reservas de emergência, contribuindo para garantir o conforto da família em uma eventual necessidade.
4 - Analise as formas de investir. Os especialistas recomendam especialmente o CDB e o Tesouro Direto.
5 - Aproveite para diversificar seus investimentos e coloque em prática o objetivo de ingressar no mercado de ações, seja através de um fundo ou corretora. Lembre-se: aventurar-se neste mercado significa dispor de tempo e disposição para correr riscos.
6 - Pense em iniciar um plano de previdência privada. Além de investir em seu futuro, você pode aproveitar os incentivos fiscais.
fonte: Jornal "Gazeta do Povo", por Daliane Nogueira - Curitiba, 11/11/08
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